quinta-feira, 25 de março de 2010

Half around the world

Piscámos um olho à Jamaica e à Costa Rica (esta danada anda a escapar-me por entre os dedos, mas definitivamente ficava acima do meu máximo estabelecido). Sem sucesso. Eu suspirei com Marrocos e sobretudo com Turquia, mas a Mia, por razões que me escapam, foge destes meus dois amores a sete pés. Ela, no entanto, continuava a sonhar com o Egipto. Negociámos, entre nós e agências. Aprendi no ano passado que quando se tem à vontade com certas agências, dá para jogar com os preços. É o mais próximo a que chega a minha veia regateadora. Procurava orçamentos entre várias e depois mostrava-os à Mónica para que ela me propusesse algo melhor:) Eu percebi que a Mia queria deserto e pirâmides (dos quais também sou fã, se puder prescindir dos aborrecimentos das viagens organizadas). Ela percebeu que eu precisava de variar entre tostar ao sol e agitar-me furiosamente entre mergulhos e snorkel. Depois de afogarmos a ressaca e outras coisas no caribe cubano, de nadarmos entre raias, tartarugas e tubarões-baleia no caribe e golfo do México, resolvemos experimentar outro mar, para variar. Ainda que sinta que definitivamente preciso de voltar a ver aquele mar de Cayo Blanco e a Isla de las Mujeres. Agora vamos deixar-nos seduzir pelo Mar Vermelho e seus encantos. Antes, uma pequena viagem temporal ao Cairo e suas pirâmides, com uma voltinha pelo mercado do Cairo, com os seus milhões e milhões de habitantes e o ruído imparável de uma das metrópoles mais chocantes do mundo. Inevitavelmente mil imagens do Indiana Jones da nossa infancia cruzam a minha mente e espicaçam todos os meus átomos com renovado entusiasmo!!

37 days to go:):):)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Precious

É uma viagem aos comportamentos mais abjectos do ser humano. Feita da forma mais crua, violenta e real que alguma vez senti. E o auge da degradação caminha lado a lado com uma esperança ténue mas brilhante.

Uhmmm, já agora, têm sido dias loucos e muito bons. Depois do nevão inacreditável (festejei o dia da mulher vendo nevar como sonhei em menina), Barcelona está banhada de sol!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Greed

Vir para Barcelona presumia um contraste violento com o ano que passou. Pelo que poderia fazer aqui e pelo que não poderia fazer estando aqui. Estava decidida a ser precavida e a suportar a falta das n magníficas férias que tive a felicidade de desfrutar no ano anterior. Mas apesar de envolvida no feitiço desta cidade, sempre que os meus olhos vagueavam pelo calendário e pousava o olhar sobre Maio, começava a suar e arquejar, morrendo de nostalgia daqueles dias na margem do paraíso. E não só por aquilo que vocês estão a pensar. Um bocadinho, vá!A minha pele e a minha mente obcecavam-me com a ideia de voltar a sentir outras latitudes, outros cheiros, outros ritmos. Mas parecia impossível. E sabendo que a Mia sentia exactamente o mesmo que eu ainda agudizava mais a minha ânsia. E não é que afinal é muito possível que mais uma vez vamos de férias as duas? Já só consigo pensar onde mesmo é que quero passar uma semana a derreter-me no meio dos trópicos ou cobrir o corpo de pó numas andanças selvagens. Agora se alguém me tira esta primeira semana de Maio eu choro!Mesmo!

Day to day life

Gosto de acordar e haver sempre música diferente em casa. Outra prova que estou quase budista. Normalmente eu sou o pesadelo de qualquer flatmate ruidoso. Não suporto ruído ou luz nenhuma quando estou a tentar adormecer. A minha sorte foi que sempre vivi com pessoas que se deitavam antes de mim. O que não é difícil se tivermos em atenção que quase nunca me deito antes das duas. Mas os rapazes aqui em casa estão sempre a ouvir música. E o Andrès está sempre a ouvir coisas novas. Giras e estranhas.

Gosto dos rapazes gays lá do trabalho, enérgicos e aloucados a deitar olho a tudo quanto é homem que lá entra. Tem várias vantagens, desde logo o facto de poderes conversar com as miúdas da maneira mais escandalosa e ainda assim ficares quase corada com os seus comentários. E eu estava habituada a ser totalmente desbocada no office de coimbra. Apesar de rodeada de heterossexuais, as miúdas do HP Coimbra palreavam como se eles fossem também gajas, para infelicidade do Marco, que tinha a capacidade de se fazer invisível quando a conversa roçava o obsceno. Mas isto aqui é outro nível. Tens acesso a informações impensáveis num outro contexto, o que faz com que, durante uns tempos não consigas olhar direito para determinados colegas de trabalho sem ficares embaraçada. Nestas andanças descobri que o nosso boss dos bosses, que faz todas as mulheres dos HP Ibéria suspirar, o maravilhoso Nick, é abençoado em todos, todos os sentidos. E olhem que sem esta informação já me custava não fazer figura de parva quando o via...

Quando os extremos coincidem

No mesmo em que voltei ao ciberespaço para comunicar às minhas miúdas algumas peripécias das últimas semanas, com mails mais pessoais à mistura antes que estas me linchassem, recebi duas notícias com uma temática idêntica às minhas confissões mas com significados absolutamente distintos. Uma amiga da adolescência, que não vejo há anos, informa-me carinhosamente que tem agora uma filha de 4 meses. E uma das minhas miúdas queridas (imagino que não queira que ande a alardear isto, mas não posso resistir, afinal de contas é a minha miúda, carambas!) diz-me com a maior tranquilidade que desde este mês está em treinos avançados para engravidar. Como é gritante o contraste entre a alegria destas notícias com os medos que lhes tinha revelado! Nunca como neste momento senti tanto a distância da minha realidade em relação aos seres de quem sou emocionalmente mais próxima. Que irónico. Quando imagino a excitação da minha amiga quando estiver a fazer o seu primeiro teste de gravidez, os seus passos ansiosos entrando numa farmácia tentando disfarçar a esperança para se proteger, quase me engasogo de riso relembrando os momentos que vivi há umas semanas. A mesma geografia de movimentos. E tão distante dos meus sentimentos como a Nova Zelândia. Eu só me recordo da vergonha que senti a falar com a sra da farmácia. É que estava convencida que ela iria pensar que era uma irresponsável que nao sabia tomar precauções. E quanto me estava a irritar a ideia de que alguém pensasse que era capaz de brincar com a minha saúde! Só pensava, uma e outra vez "Logo eu!Eu não corro riscos, minha senhora. A sério que não! Epá, mas e se não é o meu corpo a pregar-me uma partida e eu faço mesmo parte aquele 0,005%?!". Eu sei, é ridículo, mas era só nisto que pensava. Só mesmo no tempo de espera do resultado senti verdadeiro pânico. 3 minutos. Os mais longos da minha vida. Dolorosamente arrastados. O sangue a rugir nos ouvidos e aquela sensação bizarra de sentir o cérebro a mil e simultaneamente catatónico.Ufa! Quem me conhece sabe quão ambígua é a minha relação com a ideia de ter filhos. Crianças, gosto muito, desde que em grupos até 3, mais do que isso já começa a ser um perigo para a minha paz de espírito. Mas crianças minhas é outra coisa. Por um lado está a sensação clara de que quero muito, algum dia, criar uma menina. Por outro está a realidade que me mostra que desde que terminei a faculdade pensava que filhos apenas dali a 5 anos. E os anos íam passando e a margem mantinha-se nos "daqui a 5 anos". Nos últimos tempos a margem de tempo nao tem feito mais do que aumentar. Há tanta, mas tanta coisa que quero fazer que é incompatível com ter filhos, tantas vidas que a minha mente esquizofrénica quer experimentar...Claramente, por este caminho vou deparar-me com uma barreira biológica. E sempre foi claro que a minha decisão de ter filhos nunca seria refém duma imposição de tempo. Por isso é tao surpreendente como a minha amiga, que sei que apesar das nossas diferenças sente também muitas das minhas dúvidas, consegue conciliar esta ambivalência. E fico tão orgulhosa e excitada de que o faça com alegria!!Ai, estou desnorteada com tudo isto. E com o facto de não a poder afogar com um abraço e mil perguntas.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Desaparecida em combate porque...

Porque quando trabalho várias horas ao computador chego a casa e já não tenho paciência para ligar o portátil e escrever.
Porque nos últimos fins de semana:
1 - Diverti-me à brava com a Ana (paragem de digestão à parte) - hilariante no metro os tipos em espécie de despedida de solteiro que brincavam com o tipo que, sozinho, levava uma boneca insuflável sentada carinhosamente ao seu lado; bizarro o tipo francês que nos escoltou até um restaurante para comermos depois da meia noite e ainda mais bizarro o tipo que se acerca de nós a correr para estacar, levantar um tampo sanitário do passeio, recolher deus sabe lá o quê e voltar calmamente para o meio das ramblas;
2 - Conhecia a malta portuguesa do nunes, comi arroz pela primeira vez em um mês e passeei por Barcelona no meio de mil conversas com o Marcus;
3 - Sessão compulsiva de leitua em castelhano (um daqueles fins de semana em que não faço nada senão ler, comer e dormir - já tinha saudades); e
4 - Outra sessão compulsiva, mas de cinema. Este fds dediquei-me a ver alguns dos filmes que consigo encontrar em VOS e que estava a morrer por ver. É sempre assim, o ano inteiro com filmes de merda e despois umas poucas semanas com filmes a rodos. Como saio às nove e o metro termina à meia noite e meia, resta-me o fds para preparar-me convenientemente para os Óscares! E este ano vai ser divertido ver a luta entre A Bigelow e o Cameron. O Avatar só posso ver na sexta, porque me dizem que visualmente vale mesmo a pena. Ok, vou seguir o conselho. A Bigelow e o seu Hurt Locker é fabuloso. Fabuloso para quem não gosta de filmes de guerra. Ainda mais para quem gosta. E eu gosto, muito! Ouvi falar de uma série da dupla Spielberg-Hanks, à semelhança de Band of Brothers, mas sobre a guerra no Pacífico. E eu não sabia de nada, é o que dá já não viver em Braga, o Fumi seguramente já me teria falado dela. Tenho de sacar. (Será que me podem prender por escrever isto?Não me prendam, toda a gente que me conhece sabe que, seguramente, sou demasiado naba para cometer qualquer crime cibernáutico!). Também vi o Invictus e voltei a prestar vassalagem ao Morgan Freeman e ao Matt Damon. Quanto ao Eastwood, sei que é capaz de bem melhor, mas percebo que se tenha concentrado apenas em honrar o mito de Mandela.
5 - Fui roubada no metro e tenho andado espavorida a tratar de coisas burocráticas. Passei o fds a passear de metro de madrugada sem passar nada. Segunda, duas da tarde, depois de ter dado com um tipo a olhar de forma suspeita para a minha bolsa enquanto comprava bilhete de metro e num minuto em que desço as escadas, sem fones nos ouvidos, perceba-se, abro a bolsa para guardar o bilhete e já não tenho a carteira. Agradeço a gentileza do senhor ladrão, que teve o cuidado de voltar a fechar-me a bolsa para que não me caissem os óculos, o livro ou a máquina fotográfica. Bem haja. No inferno, entenda-se. É o que dá ter a mania que não sou xenófoba, venho tipo de etnia x, da qual normalmente se suspeita e, qual palerma imbuída de love power, não me agarro à bolsa com unhas e dentes!Estamos sempre a aprender, e vá lá que a lição nem foi muito cara!

Porque é que eu amo Barcelona...

Porque no primeiro sábado em que desci as Ramblas até à estátua do colombo, atravessei a estrada para pesquisar uma feira de velharias e no primeiro, o primeiríssimo, não estou a mentir, olhar que desci para os livros vi "O amante da China do Norte", da Marguerite Duras, em castelhano. Tão e somente o meu livro preferido. E meio metro à esquerda os diários de Anaïs Nin e um livro de cartas do Henry Miller a ela. É por isso, senhoras e senhores. E porque quando peço mais informações ao sexagenário adorável, este me pergunta docemente se eu já vi o filme baseado no livro da Duras...